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Provavelmente já reparou que nos ingredientes de uma fórmula infantil, vem listado o sulfato de cobre. Será que é tóxico para o seu bebé?!
O sulfato de cobre nas fórmulas infantis assegura que são supridas as necessidades nutricionais de uma criança em crescimento. Este mineral é usado na forma de sulfato apenas porque apresenta uma melhor absorção.

Para a introdução deste ingrediente nas fórmulas infantis são feitos estudos que determinam quais os níveis aceitáveis por dose, através da determinação dos níveis mínimos responsáveis por efeitos adversos. No caso das fórmulas infantis, a organização Food and Drugs Regulations (FDR) do Canadá por exemplo recomenda 60 microgramas, o que representa um valor centenas de vezes inferior à dose mínima que provoca efeitos adversos. Ainda mais, é uma dose significativamente mais baixa que a dose usada como pesticida. Portanto, não tem de haver preocupação com a presença do sulfato de cobre nas fórmulas infantis.

 

A intoxicação por sulfato de cobre também representa um perigo para os animais, principalmente para o gado ovino mas também para várias raças de cães; apresentando sintomas semelhantes à intoxicação no Homem.

Sabia que...

...uma mulher de 29 anos, grávida de 15 semanas e diagnosticada com HIV, tentou provocar o aborto através da inserção de sulfato de cobre diluído com água na vagina?

Referência Bibliográfica: Keneilwe Motlhatlhedi, Jacqueline A. Firth, Vincent Setlhare, Jackson K. Kaguamba, Mmapula Mmolaatshepe, A novel and fatal method of copper sulphate poisoning. African Journal of Emergency Medicine. December 2014, 4(4): 23-25

 

Na Índia e no Bangladesh, o sulfato de cobre é um agente comum usado para o suicídio, sendo reportados vários casos de tentativa de suicídio pela ingestão deste pesticida!

Referências Bibliográficas:

Gamakaranage CS, Rodrigo C, Weerasinghe S, Gnanathasan A, Puvanaraj V, Fernando H. Complications and management of acute copper sulphate poisoning; a case discussion. Journal of Occupational Medicine and Toxicology, 2011, 6:34

Hassan S, Shaikh MU, Ali N, Riaz M. Copper sulphate toxicity in a young male complicated by methemoglobinemia, rhabdomyolysis and renal failure. J Coll Physicians Surg Pak. 2010 Jul, 20(7):490-1

Malik M, Mansur A. Copper sulphate poisoning and exchange transfusion. Saudi J Kidney Dis Transpl. 2011 Nov;22(6):1240-2.

Paul R, Sinha A. A case of acute Copper Sulphate poisoning presenting with multiple complicatons. Jan-March 2014, IJRRMS 4(1):28-31

Shetty, Suresh Kumar B; Boloor, Archith et al. Deliberate Suicide by Copper Sulphate Poisoning: Case Report with Review of Literature. Austin Journal of Forensic Science and Criminology. 2014, 1(1):1-3

Sinkovic A, Strdin A, Svensek F. Severe acute copper sulphate poisoning: a case report. Arh Hig Rada Toksikol. 2008 Mar, 59(1):31-5.

Sood N, Verma P. Life-threatening haemolysis in a patient with acute copper sulphate poisoning. Indian Journal of Anaesthesia. 2011, 55(2):204-205.
TOXNET. Copper (II) Sulphate [Disponível em: https://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search/a?dbs+hsdb:@term+@DOCNO+916] acedido a 20 maio 2016

Uso com fim terapêutico

 

Uma paciente de 44 anos ingeriu álcool e diazepam e foi-lhe administrado sulfato de cobre para provocar a emese. Os vómitos não foram desencadeados e foi realizada uma lavagem gástrica. No entanto, a paciente desenvolveu sintomas de intoxicação por sulfato de cobre e acabou por falecer.


O sulfato de cobre já foi aplicado topicamente como antissético em queimaduras. Foi também aplicado a nível da mucosa ocular para tratamento do traucoma. Já foi usado num paciente por via oral para tratamento de leucoderma. Também foi administrado por via intravenosa a uma criança com doença de Menkes (deficiência hereditária de cobre), desencadeando acumulação de cobre a nível renal.


Um paciente de 61 anos apresentou-se na emergência com dores abdominais, náuseas e vómitos. Foi referido por este que durante 2 dias ingeriu 7 cristais de sulfato de cobre, disponível comercialmente como algicida. Este uso foi consequência de conselhos dos amigos, com a intenção de tratar a sua "língua negra", que apresentava há já 2 meses.

 

 

 

Referências Bibliográficas:

USEPA; Drinking Water Criteria Document for Copper (Final Draft) p.VI-7 (1985) EPA-600/X-84-190-1
Beer, ST; Bradberry, SM; Vale, JA. UKPID MONOGRAPH COPPER SULPHATE. IPCS INCHEM - [Disponível em: http://www.inchem.org/documents/ukpids/ukpids/ukpid56.htm] acedido a 20 maio 2016

Sternberg, M. and Nesbitt D.G. ACUTE COPPER SULFATE POISONING. Consultant. 2016;56(2):181-182. [Disponível em: http://www.consultant360.com/articles/acute-copper-sulfate-poisoning] acedido a 20 maio 2016

 

 

Ingestão Acidental

 

Foi reportado um surto de gastroenterite em 18/50 trabalhadores após ingestão de chá, preparado com água contaminada com sulfato de cobre.

 

A sobredosagem de sais de cobre é comum nos países em desenvolvimento devido ao seu uso em várias preparações tradicionais. A intoxicação ocorre por ingestão de "água espiritual" preparada com sulfato de cobre. 

Uma rapariga de 11 anos morreu rapidamente após ingestão de sulfato de cobre. Ela tinha um pote com  uma solução de sulfato de cobre no seu quarto e ingeriu-a acidentalmente, confundindo-a com a sua bebida noturna de sumo de fruta.

Referências Bibliográficas:

Beer, ST; Bradberry, SM; Vale, JA. UKPID MONOGRAPH COPPER SULPHATE. IPCS INCHEM - [Disponível em: http://www.inchem.org/documents/ukpids/ukpids/ukpid56.htm] acedido a 20 maio 2016

Gulliver, JM. A Fatal Copper Sulfate Poisoning. Journal of Analytical Toxicology, Vol. 15, November/December 1991.

calda bordalesa

CALDA BORDALESA

A calda bordalesa (também conhecida por "Bordeau Mixture") apresenta vantagens relativamente ao sulfato de cobre uma vez que é mais eficaz e persistente nas culturas. No entanto, tem maior fitotoxicidade e a sua forma em spray é corrosiva. 
Apesar de estar comercialmente disponível (em Portugal, França e sul de Itália) a calda bordalesa previamente misturada, é comum a sua preparação artesanal. Esta é feita a partir da mistura de sulfato de cobre, cal (hidróxido de cálcio) e água. O spray preparado deve ser usado o mais rapidamente possível e com as medidas de segurança necessárias.
A calda bordalesa é usada para prevenir o desenvolvimento de fungos nas uvas de vinha. A sulfatagem das vinhas com este produto já foi associada a uma doença pulmonar conhecida como "Vineyard Sprayer's Lung Disease" por causar granulomatose pulmonar com insuficiência respiratória, típica nos agricultores de Portugal expostos cronicamente. Também parece haver uma maior incidência de cancro no pulmão nestes trabalhadores, mas isto ainda não foi diretamente associado aos efeitos do sulfato de cobre uma vez que há sobreposição com hábitos tabágicos.

 


Referências Bibliográficas: 

 

Beckett W.S. Interstitial Lung Disease in a Metal Parts Coating Factory. American Journal of Industrial Medicine copyright 1992. [Disponível em :http://www.thoracic.org/professionals/clinical-resources/environmental-and-occupational/clinical-cases/pages/case4.php]. acedido a 20 maio 2016
J. C. Broome and D. R. Donaldson. Pest Notes publication 7481 - Bordeaux Mixture. June 2010. University of California: Agriculture and Natural Resources Program
Pimentel, J.C.; Marques F. 'Vineyard sprayer's lung': a new occupational disease. Thorax (1969), 24, 678
T. G. Villar "Vineyard Sprayer’s Lung". American Review of Respiratory Disease. 1974, 110(5):545-555
Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais -  Instituto de Segurança Social. Lista das Doenças Profissionais - Decreto Regulamentar nº 6/2001, de 5 de Maio.[Disponível em: http://www.seg-social.pt/documents/10152/156134/lista_doencas_profissionais]. acedido a 20 maio 2016

© Maio 2016 por Bárbara Martins, Cláudia Silva e Iara Jerónimo. Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas FFUP

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